Agricultura natural pode nos tornar seres centenários.

Na década de 80, apesar de possuir uma infraestrutura de destaque e ótimas condições no país, a Austrália enfrentava um desafio significativo com uma expectativa de vida de apenas 60 anos. Um profundo estudo conduzido pelas instituições de ensino e pesquisa do governo australiano revelou que a chave para melhorar a longevidade da população residia em uma transformação na agricultura e em consequência disso rigorosas leis limitando o uso de inseticidas foram sancionadas. Hoje, graças a essas mudanças, a expectativa de vida na Austrália atingiu a marca de 83 anos, superando a média das nações desenvolvidas em dois anos e excedendo a população brasileira em sete anos. A meta é eliminar os inseticidas totalmente já que uma agricultura natural pode nos tornar seres centenários.

Desafios da Agricultura Australiana: Infestação de Pragas e Agrotóxicos

A Austrália, sendo um país com um clima tropical e temperado semelhante a regiões agrícolas do Brasil, enfrenta desafios significativos devido à proliferação rápida de pragas e insetos, o que pode ser prejudicial para a agricultura se não for tratado de maneira eficaz e rápida. Entretanto, os inseticidas usados para combater essas pragas têm impactos adversos na saúde humana.

Impacto Acumulativo: Inseticidas na Dieta

Embora os resíduos de inseticidas estejam presentes na maioria de nossas bebidas e alimentos industrializados, seus efeitos negativos não são imediatamente aparentes. No entanto, uma vez que esses produtos químicos entram em nosso organismo, eles não desaparecem e têm um efeito acumulativo. Cada vez que consumimos alimentos contaminados, essas substâncias se acumulam em nosso corpo. Quando atingimos um limite crítico, elas podem desencadear uma série de doenças, que dependendo de fatores genéticos, propensões do corpo e hábitos de vida, levam irremediavelmente à morte prematura.

O governo australiano adotou medidas rigorosas para abordar esse problema. Por exemplo, a fosfina, um inseticida comumente utilizado no armazenamento de grãos, é eficaz no controle de insetos, mas possui efeitos acumulativos em nosso organismo. Quando aplicado nos grãos, estes o absorvem, e ao serem processados pela indústria, o químico é transferido para o alimento. Mesmo quando utilizado como ração animal, o resíduo químico é transmitido para os humanos que consomem esses animais, permanecendo em seus corpos pelo resto de suas vidas.

Regulação e Limites de Resíduos Químicos

Para garantir a segurança alimentar, o governo australiano estabeleceu órgãos reguladores que determinam limites máximos de resíduos químicos em alimentos. Esses limites variam de acordo com o grau de toxicidade do químico. Por exemplo, o limite para a fosfina em oleaginosas, como a soja, é de 0,01 miligramas por quilo na Austrália, enquanto no Brasil, esse limite é 900 vezes mais alto, com 0,1 mg por quilo.

Adaptação do Mercado Australiano às Restrições

O mercado australiano respondeu de forma eficaz a essas restrições, promovendo práticas agrícolas mais seguras e sustentáveis, reduzindo gradualmente a necessidade de usar inseticidas e agrotóxicos, e cumprindo as rigorosas leis australianas.

A indústria agrícola fez investimentos em tecnologias que imitam as ações da natureza. Um excelente exemplo disso é a implementação de sistemas de armazenamento de grãos nas próprias fazendas, onde são empregados sistemas de aeração por inclinação reversa para controlar a temperatura e a umidade dos grãos armazenados.

Como funciona esse processo?

Estações meteorológicas são instaladas nos silos horizontais, e, ao medirem a temperatura e a umidade relativa do ar, acionam ventiladores de alta rotação automaticamente para circular ar fresco de forma homogênea pelos grãos. Essas ferramentas permitem o controle e a redução da temperatura dos grãos a níveis nos quais a sobrevivência e proliferação de insetos se tornam inviáveis, eliminando a necessidade de inseticidas.

Além disso, as coberturas dos silos foram aprimoradas ao longo dos anos para resistir às condições climáticas adversas, mantendo os grãos hermeticamente selados dentro dos armazéns, independentemente das ondas de calor e chuvas intensas.

As paredes metálicas galvanizadas dos silos, por serem leves e resistentes, facilitam o carregamento e descarregamento dos grãos, bem como sua transferência entre locais. Elas também suportam com firmeza o peso dos grãos, resistindo a ventos e tempestades, mantendo os grãos seguros e herméticos.

Agricultura natural pode nos tornar seres centenários.

Além da agricultura trazer benefícios para longevidade, a necessidade de conformidade com as rigorosas leis australianas, visando minimizar o uso de agrotóxicos, trouxe benefícios adicionais aos produtores rurais australianos. Em primeiro lugar, houve uma economia significativa, uma vez que esses produtos químicos tornaram-se cada vez mais dispendiosos e representavam uma parcela substancial dos custos de produção agrícola.

Além disso, a qualidade dos grãos melhorou significativamente. Esse sistema possibilitou a obtenção dos níveis de umidade necessários para o processamento industrial, sem a necessidade de secadores de grãos por calor, alimentados por biomassa ou combustível. Isso resultou na preservação das propriedades germinativas dos grãos, aumentando sua conversão alimentar e seu valor de mercado, bem como melhorando o peso dos grãos, aumentando a rentabilidade das fazendas.

Outros avanços tecnológicos, como os equipamentos de transferência e carregamento de grãos, também contribuíram para que produtores rurais que adotaram esses sistemas apresentassem uma taxa de perda de apenas 0,25%, em comparação com a média de mais de 25% de perda observada entre produtores rurais brasileiros. Isso destaca o sucesso dessas práticas agrícolas australianas em termos de eficiência e sustentabilidade.

Referências

Legislação Australiana

Legislação Brasileira

Veja a recomendação do Superintendente da CONAB, Stelito Reis.

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